quarta-feira, 26 de dezembro de 2018




2019


Passou o Natal... onde o deixaram passar. Vem agora outro ano. E em todos os lugares do mundo as gentes se interrogam como será o 2019!
Países desenvolvidos, em desenvolvimento, estagnados na linha de pobreza, em guerra, subjugados por governos ditatoriais, sejam eles de qualquer extrema, como comunistas, teocráticos, oligárquicos, todos têm uma imensidão de problemas, quando pensamos no que se espera em termos de equilíbrio entre as populações.
Nos “grandiosos” Estados Unidos da América, onde crescem fortunas como cogumelos, a classe média está cada vez mais abaixo da média, a Europa cada vez mais dividida, a Espanha com governos a quererem perverter o entendimento, a França que queria avançar no equilíbrio e está cada dia mais desiquilibrada, a Alemanha, a Hungria, e até a Suíça que se julga o topo do mundo deve pensar que só outra guerra salva os seus gananciosos bancos!
Pelo Oriente, médio e longínquo, vê-se, o que dantes se chamava o “perigo amarelo” a expandir o seu domínio sobre tudo e todos – África, Europa, Américas, e mares da China – os muçulmanos, xiitas e sunitas, em vésperas duma guerra grande, feroz, mortífera, que começou há 1.500 anos, o covarde genocídio que a Arábia Saudita está a perpetrar no Yemen, com o apoio dos EUA e de outros países europeus, a Síria, onde a Rússia e os EUA se digladiam e experimentam nossos armamentos sobre a cabeça de miseráveis sírios, arménios, drusos, curdos, assírios e outras minorias, sem esquecer que por todo o lado, com ênfase na América Latina, a extrema esquerda não deixará de lutar, e muito, para voltar a se banquetear com os dinheiros públicos e champanhe francês, o que podemos esperar no próximo ano?
E Moçambique que estava tão bem e agora recomeça o desiquilíbrio no Norte?
O Brasil venceu uma luta que parecia impossível, mas o adversário não descansa, não dá tréguas e gosta de matar quem se lhes opõe.
60 milhões votaram em quem lhes mostrou que poderia pôr ordem e condenar bandidos e corruptos. Hoje bem mais do que 80% da população está animada e cheia de esperança aguardando Janeiro para ver o país começar a andar, e ser internacionalmente reconhecido como um “país sério”!
Há quase um século Stefan Zweig escreveu que o Brasil era o país do futuro. Passaram quase 100 anos, e nos últimos 13 ou 14 os governos tanto roubaram e malbarataram que o país em vez de caminhar para a frente regrediu algo em torno de oito a dez anos.
Votos para 2019?
Para todo o Mundo, a Paz. Impossível, mas é o que, certamente, deseja a maioria do 7,5 bilhões de seres humanos.
Mas não vou ser tão ambicioso, e dadas as condições em que o Brasil tem vivido os últimos anos, o que mais desejo é que o novo governo ponha ordem e respeito na casa. Que o país possa progredir. Que reformule a educação. Que se controle o judiciário partidário e que brinca com o país fazendo deste um joguete nas suas covardes canatadas, o senado e as câmaras legislativas onde têm reinado centenas, centenas de membros condenados pela justiça, mesmo sabendo que são órgãos independentes, que reduza o desiquilíbrio abissal entre os mais pobres e os mais ricos, e mais uma infinidade de situações que, sabemos, levarão anos a regularizar.
Mas a esperança é a última coisa que morre com o homem.
Os meus votos vão para o novo governo. Que cumpram o que prometeram. É difícil. Muito.
Mas é o que os mais de 200 milhões de brasileiros desejam (exceto os derrotados que tudo vão fazer para atrapalhar e torpedear).
Bom Ano Novo, Brasil.

dez. 2018

terça-feira, 18 de dezembro de 2018



2018

Como está a ser difícil falar sobre o Natal, o tempo da Família, do Amor entre TODOS os Homens, da Paz, ao ver que cada vez mais se procuram destruir os valores da Família com essa vergonhosa onda da “igualdade de género”, os países a crescerem nas suas indústrias de armamento para destruir a Paz, com armas sempre mais eficazes na morte e destruição, sendo já tão frágil a que existe hoje, com a invasão do ódio islâmico pela Europa e por todo o Mundo, pelo fosso astronomicamente crescente que separa os mais ricos dos mais pobres, pela falta de sensibilidade que está destruindo os corações e a vida das pessoas e pela destruição do Meio Ambiente, da Natureza.
Pela desvairada ganância.
É tão verdadeira a frase: “A Natureza não precisa do homem, o homem é que não vive sem ela”, se até os gigantes dinossauros desapareceram.
É costume nesta época desejar Boas Festas, Feliz Ano Novo, e outras mensagens que nem pensadas já são de tão gastas e, a maioria das vezes, sem qualquer sentido.
Como desejar a alguém Festas Boas quando se olha à volta e se vê que dois terços da humanidade vive em atroz infelicidade?
Ou como desejar um Ano Novo Feliz? Fecharmos os olhos, ouvidos e o nosso sentir, para fingirmos que estamos a acreditar na felicidade do próximo ano?
É evidente que ainda boa parte das pessoas de boa vontade procura lembrar com um pouco mais de carinho os parentes, próximos e longínquos, os amigos, e até, os de coração mais verdadeiro, dos inimigos.
Nesta quadra, a minha vontade seria de me poder isolar totalmente do mundo. Não para abandonar os que amo, os que conheço e ou desconheço e até os que nem amo nada! Mas recolher-me, ouvir o silêncio, procurar sentir que me aproximo mais de todos, que talvez consiga purificar um pouco algumas ideias de violência que, face a este mundo violentíssimo, muitas vezes me acodem ao espírito.
É evidente que o meu desejo é simples: que todos, todos, nesta quadra, e sempre, se lembrassem dos outros, não como simples seres viventes, mas como irmãos.
Utopia?
Sim, total.
Desde que o homem começou a pensar, logo estabeleceu hierarquias para poder tratar mal a maior parte do seu semelhante, mais fraco. A criar mecanismos, a que chamou de religiões, para que houvesse, sempre, os que sobrenadam sobre o sangue dos que para eles têm que trabalhar. A guerrear e matar aqueles que lhes pudessem aumentar ainda mais o poder.
Um dia chegou aquilo a que se acordou chamar democracia, palavra desgraçadamente vazia, porque só pode haver democracia, onde todos sejam realmente iguais, quando TODOS tenham as mesmas oportunidades de educação e de meios, dignos, de subsistência.
Entretanto democracia é uma palavra que ofende.
Será que nesta quadra do Natal se pode simular que todos somos iguais perante a lei e perante os recursos económicos? Não pode.
Então como é que posso desejar Festas Boas e Felizes? A quem? Só aos que estão acima de um certo nível de vida? E aos outros bilhões?
Prefiro não desejar nada disso. Vou mandar um abraço, católico, "katholikos", que quer dizer, “para todos”, universal. Aos que conheço e aos que imagino que existam.
Para lhes dizer como seria belo o mundo se todos se abraçassem!

Dez. 2018

sábado, 15 de dezembro de 2018




O (quase famoso) Palace dos Amoríndios, teve a honra de ter recebido sob o seu teto uma ilustre amiga de há muitos anos que, além do muito prazer que nos deu, veio quebrar um tanto a rotina dos hospedeiros.
Foi muito bom. Aproveitámos para falar de muita coisa, esquecemos o calor, já a arrefecer, da polarização das eleições, recordámos alguns episódios dos nossos encontros através da vida, e ainda fui contemplado com um belo livro, o Teatro das Sombras.
E agora, como dar uma opinião sobre este livro, mesmo um pequeno comentário, que sempre gosto de fazer?
Uma vintena de contos, buscados e transformados, parecendo todos vindos da memória do escritor, onde em muitos deles não consegue esconder experiências muito interessantes durante a sua vida de diplomata profundamente integrado em todos lugares por onde passou.
Os retratos de personagens que tão bem descreve, sempre com um humor carinhoso, vão do caricato ao dramático, algumas delas chegam a parecer que a intenção foi camuflar situações de menos prestígio que alguns deles terão vivido.
Não é difícil, enquanto se vai lendo, imaginar que estamos a assistir a pequenos filmes, um pouco maiores do que aqueles que fazíamos há muitos anos em 8 mm. É um imenso recordar de vivências a que, com muito detalhe e cuidado, se dramatizam as situações dando-lhes um final que quase sempre nos faz soltar o riso.
Vê-se que o autor se deve ter divertido recordando passagens relativamente caricatas e cómicas que lhe foram passando pela vista através dos anos, sem querer pôr alguém em situação complicada, que o seu feitio de grande senhor, e grande observador, lho impediriam.
Mas tem muito conto que um dramaturgo habilidoso poderia aproveitar e criar scripts para levar à cena, no teatro ou no cinema, histórias que merecem ser vividas, apreciadas e aplaudidas por um grande público.
Algumas passagens do livro são peças antológicas, como não podia deixar de ser para quem tinha um grande dom para a escrita, e que me permito aqui reproduzir, muito resumidamente, por palavras minhas. A descrição do autor é muito mais rica.
- Dois irmãos, que herdaram uma substancial fortuna resolvem correr mundo. Em Taipé ouvem falar que um dos mais notáveis pratos gastronómicos é cobra, mas que tem que ser comida em restaurantes especiais. A dificuldade está no falar chinês para pedirem que alguém lhes indique um dos tais restaurantes especializados.
- No hotel fazem num papel o desenho de uma cobra e o gesto de comer e a recepcionista escreve, em ideogramas, o local onde devem ir. Lá chegados, uma espécie de boteco, onde estavam várias garotas com sorrisos amalandrados, cheio de cobras, vivas, de várias espécies, escolhem uma, o dono prepara, comem e desapontados acham o prato sem qualquer sabor. Ao velho chinês que lhes tinha dado essa indicação contam a sua opinião.
- Vocês foram comer a cobra a uma farmácia. Ali a ideia é a comer um afrodisíaco.
- Mas nós não sentimos nada!
- Tem razão. Só sente quem quer.
À mistura com estas anedotas, rebuscadas em histórias que foi ouvindo, há outras com cenas de esoterismo igualmente caricatas.
Tudo escrito com muita qualidade e com o delicado, mas oportuno humor que o nosso querido amigo e que foi grande embaixador, ANTÓNIO PINTO DA FRANÇA, sempre soube passar aos seus livros.
Obrigado, Sofia.

Livro para ler no Natal, no Ano Novo, no Inverno ou no Verão. Os que comprarem o livro... verão!

12-dez-18

domingo, 9 de dezembro de 2018




Amigos – 17


Há cerca de meio século, certamente já passado, trabalhava na mesma empresa do que eu, um ainda jovem angolano, o motorista, sempre prestável, simpático, com quem foi fácil criar um vínculo, não só de respeito mútuo, por eu ser o “chefe”, mas sobretudo de amizade e entendimento.
Conversávamos, vez por outra íamos tomar uma cerveja juntos, e era impossível não gostar dele.
O Luis Alexandre Neto.
Casado, nasceu-lhe mais um filho, o terceiro, e convidou-me, com a minha mulher, para sermos o padrinho da criança a quem se deu o nome de Alexandre, convite que muito nos sensibilizou e honrou.
Morava no Bairro Prenda, numa casa modesta mas muito arrumada.
Pequena cerimônia na igreja, um simples beberete, uma “festa” sem luxo, mas grande na sua simplicidade.
Não passou muito tempo fui transferido para Moçambique, tendo perdido o contato com essa família.
Quando regressei a Luanda, já depois da revolução, antes de lá sair definitivamente, a cidade vivia um “estado de sítio” extremamente complicado. Ninguém procurava ninguém.
Os vários grupos políticos, sobretudo MPLA e FNLA, guerreavam-se (por cima da nossa casa assobiavam balas, e ouviam-se bazucadas, as entradas nas favelas eram rigorosamente controladas) e só uma vez consegui encontrar o meu compadre quando o fui procurar no trabalho, na mesma empresa em que sempre trabalhou.
Triste, como eu, com a situação, lá me contou que a família, estava toda bem, se alguém pudesse estar bem no meio daquele inferno, e o afilhado, que teria uns dez anos, lá ia estudando e crescendo.
Voltei a Luanda duas vezes em 1991, quando houve uma pequena trégua na guerra entre o MPLA e a UNITA. A empresa onde ele trabalhava, das poucas vezes que lá fui, encontrei a porta fechada. Foi-me impossível saber onde o encontrar, até porque as favelas não tinham nome de ruas, e eu não tinha a quem perguntar por ele.
Só em 2006, quando lá cheguei depois da travessia Rio-Luanda no “Mussulo”, conheci pessoalmente o Manuel de Sousa, amigo via internet desde alguns anos, e foi quem, com os seus conhecimentos e muito trabalho conseguiu saber onde o encontrar. Levou-me por caminhos que só alguém que lá vive teria capacidade de percorrer, perguntando aqui e além, quando começou a ser mais fácil nos orientarem, porque o respeitado “Kota Luis Neto”, vivia naquela área desde sempre.
Eu lembrava-me que a casa, grande para o meio onde se encontrava, ficava numa esquina de duas ruas largas, mas a favela tinha crescido de tal forma que até as ruas foram ocupadas por novas casas pouco mais do que palhoças.
Tivemos que deixar o carro um pouco longe e seguir por vielas onde nalguns lugares não se podiam cruzar duas pessoas. A casa tinha ficado cercada, abafada, por novos moradores.
Basta pensar que em 1975 a população de Luanda, entre a cidade urbanizada, das classes média e alta, e das favelas, teria cerca de 400.000 pessoas. Em 2006 calculava-se, porque nunca se fizera um recenseamento, talvez uns 5 ou 6 milhões!
Finalmente lá chegámos.
Foi um encontro de grande significado! O afilhado, nascido e batizado em 1964 era major do Exército. Que bom. Tinha feito a guerra, foi sendo promovido a Primeiro Sargento e por fim nomeado oficial. Disse ele que major era um posto que ninguém considerava, e que para passar ao grau superior estava a fazer um curso para tenente-coronel, onde então poderia adquirir um estatuto de bem mais alto nível e valor.
O pai, o meu querido e humilde amigo, grande no coração, não estava passando bem.
Caímos nos braços um do outro sem tempo para disfarçar as lágrimas que teimavam em correr-nos pela cara. A Comadre, magrinha, velhotinha como todos nós, chegou mais tarde. Ainda trabalhava, modesto trabalho nos correios, sabendo que tinha a visita do compadre veio correndo. Que abraço bonito! Meu Deus. Perguntou muito por todos os meus, mandou um filho buscar cerveja e refrigerantes e um bolinho!
Sorria com uma transbordante simpatia, ao ver outro velhote que, ela sabia que apesar de tantos anos e tantos milhares de quilômetros de separação, jamais os esqueceu.
Um dos netos, talvez com uns dois anos, sentou-se ao meu colo, muito espantado com a minha barba, passava a mãozinha e sorria, mas não deixou que alguém o tirasse dali!
2006

Os outros filhos presentes, admirados por tão insólita visita, foram buscar um velho álbum de fotografias em que lá estávamos, ainda jovens os três velhotes, e até o pai José Guilherme Pereira Caldas. Era muita emoção junta! Mais ainda por se sentir que talvez, só talvez, fosse esta a última vez que se viam e abraçavam!
No livro “MUSSULO – Um Abraço à Vela”:
“Manuel de Sousa mandou depois para o Brasil o relato do que tinha presenciado: ...lá para o interior do aglomerado de casebres e becos do Bairro do Prenda, um Compadre, o Afilhado, a Mãe e alguns dos filhos do primeiro, que já não revia há muitos anos - aqui houve o contar de inúmeras histórias, revisão de fotos antigas de amigos comuns e de família e algumas lágrimas caídas e sorrisos de alegria expansiva à mistura.

2007

O dia terminado, o sol já escondido atrás da fortaleza de São Miguel, mais uma vez sentado na esplanada do CNL, (o Tio) olhava para aquela cidade que lhe tinha visto nascer tantos filhos, e da qual se estava também a despedir, num atropelo de sentimentos difíceis de explicar. Angola lutara contra o colonialismo durante... quantos anos? Sempre! Mas houve uma época, enquanto a guerra colonial fazia as suas vítimas, que um estreitamento de relações entre as gentes se acentuou. Contra-senso? Talvez. Mas em quantos contra-sensos se tropeça durante a vida para se vir a concluir que são essas as grandes verdades?
Quem viveu Angola intensamente, conheceu o seu interior, contatou com o seu povo, sabe quanto isto é indiscutível.”
E inesquecível.
Ainda nos voltámos a ver no ano seguinte, quando fui novamente a Luanda para lançar o livro. A perna não estava melhor.
E não soube mais daquela família, mesmo tendo pedido notícias, por várias vias, que nunca vieram.
Que saudade!
Como eu faço votos para que tenham saúde e um Santo Natal.

08/12/2018


terça-feira, 4 de dezembro de 2018


Amigos – 16


Em todas as famílias há tios e primos de quem mais gostamos, outros indiferentes como já escrevi. . Hoje “vou aos tios” e até a um primo direito do meu pai.
De todos os tios, quem sempre levou a palma das nossas preferências, quem sempre estava alegre – às vezes com alegria... um tanto enológica – mas sempre um encanto.
Casado com uma irmã do meu pai, não teve filhos, bastante gordo, chegando a pesar 140 quilos, bebia o seu copo, aliás bastantes copos, mas foi o único, para conosco, que após ficarmos sem pai, fomos uma espécie de sobrepeso incómodo para a família, mas ele arranjava sempre uma maneira de nos dar algum dinheirinho, da maneira mais simpática que se pode imaginar.
Aos domingos, quando almoçava toda a família em casa dos avós, assim que ele chagava perguntava:
“Quem pode ir comprar cigarros para mim?” – Em geral ia eu, ou o mais velho dos irmãos, que pouco depois nos deixava também.
Dava-nos ou 10 ou 20 escudos para comprarmos um maço de “Navy Players” que custaria uns 3 ou 4 e o troco era a “nossa fortuna por uns dias.
Eu teria os meus 10 anos fez-me sócio do Belenenses, como ele era, a quem se referia como o “nosso belenensezinho”!
Era sócio, mesmo minoritário, de uma grande empresa de navegação e ao mesmo tempo representante da Peugeot em Portugal (estamos a falar dos anos quarenta!), e o seu trabalho era na estiva, o que o levava diariamente a bordo dos navios que aportavam em Lisboa, quer para carga como para descarga.
Isso dava-lhe a possibilidade de comprar a bordo umas garrafinhas de whisky ou gin por preços baixíssimos, bem como outras coisas que faziam as delícias das senhoras, porque eram sempre novidade.
Um dia trouxe de bordo uma das primeiras manifestações de “futuro” a que eu assisti, e de que já falei: um belo rádio que trabalhava a pilhas!
Com a representação da Peugeot dava-lhe para trocar o carro com alguma frequência e, como naquele tempo a mecânica ainda estava caminhando devagar, volta e meia o carro tinha as suas manias e parava no caminho. Sobretudo entre Sintra e Lisboa, onde sempre passávamos os verões.
O tio, sereno, encostava o carro na berma, abria o capô, olhava para dentro e dizia com ar entendido: “Deve ser alguma coisa! O melhor é chamar o mecânico!” E ali ficávamos na estrada à espera que alguém passasse e fosse chamar o dito mecânico!
Sempre tranquilo, num fim de semana, já noite, íamos a caminho da Praia Grande, onde tinham construído a segunda casa de fim de semana, onde hoje existem prédios. Seguíamos por uma reta a caminho de Colares, tio e tia na frente, eu atrás, mas distraído não reparou que levava os faróis altos, quando um carro vindo de frente encostou porque estava com a luz nos olhos. Ao passarmos por ele, o indivíduo, casca grossa, berrou: “Ó seu cabrão, olhe os faróis!”
Sem se perturbar vira-se para mim e diz: “Ó Chico! Se calhar não baixei os faróis!” É evidente que me fartei de rir.
Mais tarde, já em 1953 era eu que tinha o meu magnífico Triumph Gloria, 1934. Velhotinho, mas uma delícia. A lubrificação da cabeça do motor era feita por um tubo, externo, e um dia de tanto se lhe mexer o dito tubo começou a pingar, pouco, mas por azar em cima do coletor de escape, o que levava a fumaça para dentro do carro.
O magnífico Triumph !


O tio, que sempre saía de casa muito bem lavado, penteado e vestido, levava com aquele fumo todo na cara e só dizia: “Ó Chico! Este carro é ótimo!”
Uma pessoa que todos adorávamos. Já passados os setenta anos teve um grave problema e foi-lhe amputada uma perna. Perdeu o gosto da vida. E acabou indo embora sempre a sofrer.
Meu muito querido tio Chico, Francisco Xavier de Albuquerque d’Orey. Um dia vou chegar mais perto para lhe dizer o quanto, ainda hoje sentimos a sua falta.

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A propósito, lembro bem dum irmão deste tio, que já nada era à nossa família, mas que nós tratávamos como tio. Baixinho, igualmente simpático e tranquilo, agrónomo, foi Director do Museu do Ultramar (em Belém).
Um dia apareceu em Angola numa missão técnica que se chamou Missão do Bem-Estar Rural, dedicada ao desenvolvimento da agricultura tradicional de Angola.
É evidente que foi uma alegria tê-lo recebido em Luanda, onde sempre que podíamos, o tínhamos a jantar conosco. Alegre, ótima companhia, decidimos passar a chama-lo de o Tio do Bem-Estar!
Algum tempo depois fomos nós a Portugal e ele fez questão de nos retribuir com um jantar em sua casa, como toda a simpatia que já conhecíamos. Nós éramos os principais convidados, mas ele convidou também um amigo, gente MUITO importante, professor de direito, que foi colocado na nossa mesa.
Falámos sobre Angola, onde nós muito gostávamos de viver, e a certa altura sexa do alto da sua cátedra, teve o desplante de dizer que África era uma... nem digo o quê, e outras coisas parecidas o que muito me chocou, e não deixei depois de comunicar ao anfitrião que, coitado, ficou bastante desolado.
Qual não é o meu imenso espanto quando soube, pouco tempo depois que o sobredito sexa tinha sido nomeado ministro do Ultramar!
Bramei aos céus! Como era possível que um indivíduo que não gostava de África tinha sido nomeado para aquele cargo. Não digo o nome dele. Que descanse em paz... se puder.
Estas e outras para a história de Angola.
Mas lembro com ternura e saudade o tio do Bem-Estar Rural, José Diogo de Albuquerque d’Orey.

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Agora o único irmão homem do meu pai mais novo cinco anos.
Sempre gostou de andar na farra, copos, confusões, algumas idas à polícia por copos ou briguinhas, sem consequências de maior, entrou em medicina e levou tempo a de lá sair. A farra ocupava-lhe muito tempo.
Mas acabou por de lá sair. Casou e foi como médico para a Companhia dos Diamantes de Angola. Médico generalista.
Um dia um capataz deu um tapa na cara de um trabalhador, durante a chamada das presenças, de manhã, e o homem caiu morto! Um problemão. Entrou a polícia, não havia médico legista e ele com outro colega tiveram que fazer a autópsia ao desgraçado para que o capataz não fosse condenado por assassinato. Por estupidez e abuso de autoridade, sim.
Retalharam, durante horas o corpo do defunto, suavam os médicos sem descobrirem a causa mortis. Quando finalmente chegam perto da cabeça encontraram o problema: o infeliz tinha uma das cervicais... “solta”! (o termo técnico será outro, mas...)
Entretanto o tio lembrou-se de fazer alguns comentários pouco abonatórios aos serviços médicos, o que lhe valeu, não lhe renovarem o contrato, que aliás era bem pago.
Como teve a infelicidade de lhe verem lá nascer duas filhas gémeas que não sobreviveram, não se incomodou muito por regressar a Portugal.
E foi trabalhar com o pai, e o irmão, numa fábrica de medicamentos de um “génio” em química; a primeira coisa que fez foi implicar com ele, que se foi embora e a fábrica fechou. Para nossa alegria porque cada vez que a fábrica fazia um medicamento novo, nós, crianças servíamos muito de cobaias.
Morre o seu irmão, meu pai, e o pai deles, já velhote, que comandava a empresa Estabelecimentos Herold, entrega-lhe a administração do departamento agrícola: máquinas, cortiça e produtos químicos.
Teimoso que nem porta empenada e enferrujada, lá foi levando as máquinas agrícolas com algum entusiasmo, sobretudo quando apareceram as ceifeiras-debulhadoras, que no Brasil se chamam colheitadeiras, e que apareceram em Portugal primeiro que qualquer concorrente, por seu intermédio.
Mas entretanto 0 Herold estava sem mais cabeças dirigentes e foi perdendo grande parte do deu património: fábrica de tratamento de cortiças, fábricas de adubos, equipamentos industriais e outros, o que acabou levando a firma a uma difícil situação financeira.
Foi lá que eu comecei a minha vida profissional, mesmo enquanto estudava e cumpria o serviço militar, aproveitando todos os feriados, férias e muitos fins de semana, para trabalhar e assim ter um troco para me movimentar.
Não levou muito tempo em que o relacionamento com este tio se deteriorasse. Teimoso, não admitia discussões, mesmo técnicas, nem sugestões, e assim acabei, dentro da mesma empresa, sócio também, por não ter diálogo com ele. Zanga que praticamente todas as tias acompanharam, tomando o partido do irmão! Foi pena.
Dali sai, casei, fui para Angola, e o Herold, quase falido, foi vendido.
Passaram-se uns dez ou mais anos em que praticamente não tivemos contato, nem com seus filhos, meus primos direitos, sem que deixasse de ter notícias que os meus irmãos me mandavam.
Ficou sem trabalho, mas um amigo influente conseguiu nomeá-lo administrador duma grande companhia, com direito a bom carro, motorista e outras mordomias, e foi também levado a fazer um Curso de Cristandade. Mudou a cabeça, esqueceu a nossa briga, como eu sempre procurara fazer, e numa altura que fui a Lisboa, ele fez questão de me ir esperar ao aeroporto.
E foi dessa vez que me levou direto ao Cartaxo, como lhe pedi, porque ia cheio de saudades de beber um bom “copo de 3” do tradicional tinto daquela região!
E nos poucos dias que passei em Lisboa sempre procurou me acompanhar, e o nosso entendimento estava perfeito. A certa altura, ainda com uns resquícios de teórica autoridade, lembrou-se de comentar uma atitude (infeliz) de uma das minhas irmãs.
Não gostei, e disse-lhe: “Tio! Não acredito que queira atirar a primeira pedra. Agora que ela precisa, mais do que nunca do apoio da família!”
Lembro bem. Comoveu-se. E respondeu-me que estava errado e que eu lhe havia dado uma lição.
“Não dei lição nenhuma. Nós os dois que tivemos os nossos desentendimentos, conhecemo-nos muito bem, e eu sei que não era sua intenção ferir alguém!”
Demos um forte abraço e mantivemos depois, até ao fim um estreito entendimento. Mas deixou-nos cedo, o tio Alberto de La Rocque Gomes de Amorim 


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Só mais umas breves palavras sobre um primo direito do meu pai, a quem chamávamos também de tio.
Oficial da marinha, muito novo participou na I Guerra Mundial, piloto-aviador, fez parte da sua vida por Moçambique onde por três vezes foi Capitão do Porto da Beira. Terminou a carreira como Diretor do Arquivo da Marinha e no posto de Capitão de Mar e Guerra.
Simpático casal, lembro bem dele, cara de Capitão, mas sempre sorridente e amável, com cinco filhos das nossas idades, foi também um escritor das coisas do mar, com dois livros interessantes, ainda hoje consultados:
- Estaleiros Navais, em 2 volumes e um manuscrito inédito;
- História do Navio “Gil Eanes”, o navio hospital que acompanhava os lugres que iam para a Terra-Nova à pesca da bacalhau;
- O Nome de Lisboa nos Navios, um interessante opúsculo, assim como
- O Nome da Guiné nos Navios.
Chamou-se Carlos Gomes de Amorim Loureiro, e hoje a amizade com a descendência continua muito grande. 



4-dez-18



segunda-feira, 26 de novembro de 2018



Coisas que vamos encontrando aqui e além, muitas das quais podem a seguir ser vistas na Wikipédia. Mas como ninguém lê a tal Wikipédia toda, o que é pena, divulgar algumas destas curiosidades, simples, políticas ou... não faz mal a ninguém.
1.  Geografia e história
Muita gente sabe onde fica a ilha de Curaçau. Muitos já lá estiveram, entre os quais eu não me conto, com muita pena, porque é uma beleza, praias lindas, e outras belezuras. Ali, no Caribe, em frente à desgraçada Venezuela, faz parte do Reino da Holanda. Uma forma sofismada de lhe chamar colónia, mas...
Mas, o que muitos não sabem é porque chama assim, desde sempre, mesmo que escrito de formas diversas e até no papiamento local, que lhe chamam Kòrsou.
Reza a história, e com fortes foros de ser verdadeira, que no século XVI praticamente em todos os navios que se aventuravam mar fora, morriam marinheiros aos molhos com o miserável escorbuto, a falta de vitamina C. Hemorragias, gengivas apodrecendo, etc., o destino da maioria desses doentes era morrem a bordo e jogados ao mar. Às vezes ainda com um restinho de vida, mas podres, a exalar o último suspiro, atiravam-nos ao mar.
Numa dessas viagens a caminho da América do Sul, dezessete marinheiros portugueses, num navio espanhol, moribundos, pediram ao capitão para os abandonar numa ilha por onde passavam, porque preferiam morrer em terra do que serem comidos pelos peixes.
O capitão fez-lhes a vontade. Um mês depois quando retornava decidiu aproximar-se da ilha e ver se algum deles ainda vivia.
Estavam todos ótimos de saúde! Completamente recuperados, nem um único havia morrido, e cheios de força.
Foi um espanto que deu muito que falar em Espanha, onde, como em qualquer outro lugar nunca se tinha ouvido falar em vitaminas, mas que ajudou a melhorar, um pouco, um pouco só, a alimentação a bordo.
A essa ilha os marinheiros portugueses deram o nome de Ilha da Curaçam, porque lá todos se curaram.

2. História e Geopolítica mundial
1818 - Faz este ano um século que um dos grandes facínoras da história da humanidade, que se chamou Vladimir Ilyich Ulyanov, conhecido como Lenin, após se apoderar da revolução russa, proclamou que iria espalhar o bolchevismo por todo o mundo.
Só pela Rússia mandou matar largos milhares que se lhe opunham, e com as reformas agrárias, matou milhões à fome.
Mas conseguiu espalhar o maldito vírus urbe et orbi, que ainda hoje transtorna o pensamento de muitos que, aparentemente, pareciam ser pessoas normais.
Como é de supor, ao “querer” igualar todos por baixo, sexa sempre viveu em grandes palácios expropriados aos nobres russos. Começou logo aí a tal esquerda caviar tão bem seguida mundo fora. Até hoje.
1849 – Um discípulo do tal Ulyanov, talvez o maior ou um dos mais citados anarquistas de todos os tempos, Mikhail Aleksandrovitch Bakunin, russo, bolchevista, revolucionário, com frases que ficaram inscritas no imaginário de idiotas, como A paixão pela destruição é uma paixão criativa, também não viveu em pensões de terceira categoria.
Vai para a Alemanha, espalha a revolução, vive, como os outros “chefes” sempre em casas ricas, conhece o grande compositor Richard Wagner, de quem se torna amigo e lhe vira a cabeça, levando o músico para os levantes populares.
Wagner em 1842 é nomeado Kapellmeister em Dresden onde as suas óperas obtêm enorme sucesso, e em 1949 rege uma apresentação pública da Nona Sinfonia de Beethoven. No final da apresentação Bakunin, que o tinha seguido, levantou-se da plateia, apertou a mão de Wagner e disse bem alto para que todos ouvissem que, se toda música que já foi escrita, fosse perder-se na conflagração mundial, nas suas palavras a destruição do mundo que ele estava a preparar, esta sinfonia pelo menos teria que ser salva!
Ainda é assim que muitos democráticos vêem os seus países.  Destruir tudo, mas salvar o que lhes sabe bem.

3. Universitários
Vamos recuar alguns anos para que se possa sentir a diferença na cultura de muitos povos, e até dentro do mesmo povo; a diferença, do ontem e de hoje.
Em Portugal, quem tivesse o 7° ano dos liceus, só teria depois que fazer um exame para entrar na faculdade que quisesse frequentar. A base do conhecimento geral estava apta.
Muitos alunos, por razões várias não puderam prosseguir os estudos superiores, mas aquele 7º ano lhes deu asas, para muitos deles, voaram bem alto.
Um pequeno exemplo de dois jovens que, em 1975 tiveram que seguir a diáspora dos que estavam nas colónias, indo parar no Brasil.
Um deles, acabado o tal 7° ano em Angola, chega ao Rio de Janeiro pouco antes do famigerado vestibular, para que tanto os alunos aqui se preparam, muitas vezes levando um ano para isso. Prestou provas, escolheu arquitetura e entre centenas deles, ou milhares, ficou em 6º lugar!
Outro mais flagrante, chegou tendo só completado o 6° ano. Sempre muito bom aluno, ao chegar, em vez de ir estudar para o exame, foi professor dos colegas brasileiros. Escolheu medicina e, se não entrou em primeiro lugar, é hoje um dos mais conceituados neuroradiologistas intervencionistas, especialidade ainda relativamente recente. Professor, doutor, pós-doutorado, etc. Ah! É verdade: e um grande velejador!
Infelizmente por estas bandas o ensino, exceto em algumas escolas particulares e muito caras, e em muito mais raras públicas, é extremamente deficiente.
Entretanto há centenas de universidades, poucas se contando entre as que realmente ministram um conhecimento válido, mas a grande maioria é de tristeza total. Quando não corrupta, vendendo diplomas.
E como os cursos, nos dias de hoje, são divididos em inúmeras especialidades, a abrangência da cultura dos alunos fica muito limitada.
Chamada a civilização dos especialistas, ensinados por homens de rigorosa visão técnica mas de visão cultural deficiente e de miserável miopia política, quando não de intenções abertamente políticas.
Razão teve Ortega y Gasset quando se referiu a este tipo de ensino universitário como responsável pela “formação de novos bárbaros, homens cada vez mais sábios e cada vez mais incultos.”
Homens que sabem cada vez mais de cada vez menos, constituem produtos altamente perigosos para a vida da cultura.
E pior, quando assentes em cima de diplomas, e se permitem emitir opiniões que estão fora da sua esfera de especificidade!

4. Pele negra
Esta é uma controvérsia, complicada, ignorante, doentia e estúpida.
Penso que a maioria das pessoas não tem a menor ideia do porque as diferentes colorações da pele dos humanos, e da sua influência sobre a saúde corporal.
Desde há séculos que se estigmatizaram os africanos, desconhecendo que alguns deles, durante quase cem anos, entre 700 e 600 antes de Cristo, foram até faraós do Antigo Egito, e muitos deles membros da nobreza local, quando pelas Américas, só existiam “índios”, pela Europa mal começavam a despontar alguns grupos organizados em “estados”, e a China julgava que além das suas províncias não existia nada mais, porque a Terra era plana.
As pessoas ainda hoje se admiram ao ver que a maioria dos africanos têm uns dentes impecáveis, brancos, lindos, e atribuem isso ao contraste com a pele escurecida. Nada disso. Os dentes das populações nativas que, em África, sempre se alimentaram bem, têm muito melhores dentes do que as populações brancas, porque a sua pele lhe permite uma muito superior absorção dos raios solares que lhes “fabricam” boas doses de vitamina D e assim fixarem o cálcio. Em África, há muitos anos nós já sabíamos que se um indivíduo de pele negra e um branco se chocassem na cabeça, o branco quebrava o crâneo e o outro, quando muito teria alguma dorzita.
O problema tem a mesma origem: a pele que absorve muito mais sol, vitamina D, é muito superior na “produção” de cálcio e com isso a estrutura óssea é incomparavelmente superior à dos brancos.
Nessas regiões, por exemplo, ainda hoje entre os Masai, praticamente não existe osteoporose!
Um pele branca se ficar muito tempo na praia, ao sol, leva um escaldão e pode, com facilidade, ter câncer de pele, além de que, em qualquer circunstância a pele começa a envelhecer bem mais cedo que qualquer outra. Já a pele negra, com alto índice de melanina, oferece proteção UV natural, portanto, o fotoenvelhecimento é menos aparente. Chegam a dezenas de anos a diferença!
Tem muitas outras vantagens mas não se pretende dar um aula de dermatologia.
Mas não podemos deixar de confessar uma certa inveja!
E com respeito a beleza? Todos os tipos têm gente feíssima e gente lindíssima, e como gostos não se discutem, por aqui se acabam os considerandos.

5. Verdade? Mentira?
Nesta desgracenta política, assunto que não cala, sobretudo nos derrotados, assistimos a verdadeiras avalanches de mentiras e ofensas.
Donde se conclui que o sucesso do negócio da mentira é que o custo de produção de mentiras é zero. Isto difere em muito com o que custa produzir a verdade.
Desde sempre as pessoas tiveram imensa facilidade em acreditar em mentiras e boatos e enorme dificuldade em aceitar a verdade.
Porque? A mentira é escandalosa, e um escandalozinho faz as delícias dos estúpidos que, por comodidade e covardia, não vão procurar a origem e a verdade.
Buda tinha mais do que razão: meditou toda a sua santa vida, para no final confessar que “sempre havia procurado a verdade, e morria sem ter descoberto o que era”.

25 nov. 18