segunda-feira, 26 de dezembro de 2016

 

O meu retrato


Que tal me apresentar, agora, que fim o 2016?
Depois de ultimamente ter escrito algumas passagens da minha vida, sobretudo dos primeiros anos – aliás já escrevi inúmeras de outras épocas e idades – uma jornalista quis fazer-me uma entrevista “relâmpago”, moderna, tipo “pergunta / resposta” (quem, ou qual ou o que mais gosta ou admira), que até foi divertida!
Depois de tudo coligido mandou-me o resultado, e creio que jamais tal “brilhante entrevista” foi ou será publicada. Vai agora para quem quiser ler.
Saiu assim:
P: - Família?
R: - É algo sagrado. Mas não gosto de falar nisso porque tenho vivido muitos momentos muito difíceis e dolorosos.
P: – Leitura?
R: - História, geografia política, etnografia, sociologia, alguns romances.
P: – Autores?
R: - Desde os antigos aos modernos honestos (raros!) para a história. Romances: Camilo Castelo Branco, João Guimarães Rosa, Gilberto Freire, Mia Couto, Ariano Suassuna, Oscar Ribas, Antero de Quental, Wenceslau de Morais.
P: – Poetas?
R: -  Se não citar Camões e Fernando Pessoa vão me jogar no lixo! Mas não esqueço João Cabral de Melo Neto e Carlos Drummond de Andrade. Aliás não sou de ler muita poesia.
P: - Música?
R: - Clássica e alguma moderna.
P: – Quem ou qual?
R: - Vivaldi, Corelli, Albinoni, Pachebel, Paganini, e tantos outros do Barroco, Mozart, Beethoven, Liszt, Rossini, Bach, Joaquin Rodrigo, Flamenco, tango, fado, chorinho, samba canção, morna de cabo verde e coladeira, bandas militares escocesas, toques militares de clarim, rebita de Angola e... outras!
P: - Intérpretes?
R: - Rubinstein, Yehudi Menuhim, Paco de Lucia, Mercedes Sosa, Amália Rodrigues, Vinicius de Morais, Maria Callas e...
P: – Desportos?
R: - Como todo o garoto joguei futebol. Depois brinquei de toureiro e levei muita marrada, mas sobretudo ténis, um pouco de golfe e vela. E gostava muito de atletismo. Nunca ganhei um campeonato, mas joguei muito.
P: – Automóvel?
R: - Os melhores, hoje, são os mais confortáveis. Dantes... isso já lá vai.
P: – Moto?
R: - Também tive durante uns anos, mas quando vi que estava na idade de me quebrar todo se caísse, desisti!
P: – Comida?
R: - A boa. Nada dessas modernices que levam um feijão, uma folhinha de salsa e um molho colorido para fazer bonito. Gosto do cozido à portuguesa ou minêra, bacalhau, marisco e frutos do mar, peixe e carne, enfim, gosto de tudo que tenha o que comer e seja bom! E adoro fruta.
P: – E doces e guloseimas?
R: - Não sou muito de doces, mas sempre como um pedacinho se não for muito doce.
P: – Bebidas?
R: - A água, pura, é a rainha das bebidas, mas eu bebo pouquíssima, porque normalmente não presta. Nem a engarrafada. Bebida numa fonte pura, fresquinha é inigualável. O rei das bebidas é o vinho tinto, seguido do branco, depois vem a cerveja e, vez por outra, raro, um Porto, Ginginha, Gin, Cointreau ou Whisky.
P: – Moda?
R: - Uma piada, normalmente de mau gosto, ou péssimo. Há anos aboli a gravata porque acho uma mariquice que para nada serve. Tenho roupa comprada há mais de trinta anos que continuo a usar.
E como os meus pés têm tendência a inchar e dar uma incómoda sensação de calor, também há anos que adotei sandálias, que uso mesmo quando sou convidado para festas elegantes, como casamentos.
A moda das mulheres hoje é feita para as desnudarem. Elegância houve talvez... quando?
P: – Jogo?
R: - Desteto casinos. Aquilo é um antro de perdidos. Mas há mais de 20 anos que jogo o mesmo número na loteria e nunca ganhei um centavo!
P: – Hobby?
R: - Além de algumas escritas em que vou exercitando a memória e ocupando o maldito tempo livre, gosto de bricolagem. Até gostaria de ter sido marceneiro!
P: – Mulheres?
R: - Além das filhas e netas só houve, e só há, uma. Claro que gosto de ver uma mulher bonita e por vezes ainda deixo os olhos percorrerem todo aquele “proibido”! Está no meu DNA machista!
P: – Qual o seu tipo de mulher?
R: - De físico, a Vénus de Milo. De espírito, inteligente, mãe, simples, batalhadora.
P: – E de homem?
R: - O mais belo físico de homem, também grego, é o Discóbolo. E tem que ser inteligente, valente e humilde.
P: - Que mulheres mais admira?
R: - D. Zilda Arns que criou a Pastoral da Criança, a Irmã Quitéria Paciência da Casa do Gaiato de Moçambique, Irena Sendler que salvou milhares de crianças judias, a minha mãe que enviuvou com 34 anos e sete filhos e teve uma vida difícil, e minha mulher que começou com oito filhos e hoje só tem seis.
P: - E homens?
R: - Francisco de Assis, Angelo Roncali o grande Papa João XXIII, o padre José Maria da Casa do Gaiato, Don Vitoriano Aristi com a sua Fé contagiante, o meu pai, e um homem que muito ajudou a moldar a minha personalidade, o engenheiro Augusto Matos Rosa.
P:– Se fosse um animal, qual gostaria de ser?
R: - Bom, animal já sou, mas se não fosse um homo sapiens, preferia ser um burro, um jegue.
P: – Porque?
R: - É um animal maravilhoso: forte, trabalhador, dócil, humilde. E quando se zanga dá uns coices lindos!
P: – Já falou várias vezes em humildade. Porque?
R: - Porque é dos humildes o Reino dos Céus, e só com humildade poderemos viver em Paz neste mundo.
P: – Gosta que lhe dêem presentes?
R: - Não. Acho que não mereço e há gente, muita, que precisa mais do que eu.
P: – Amigos?
R: - São uma benção, e nesse aspecto fui abençoado. Tenho muitos, infelizmente a imensa maioria a viver muito longe, e face à idade também uma grande quantidade deles, como irmãos, já nos deixaram.
P: – O que mais deseja para os seus filhos, familiares e amigos?
R: - Paz e que se amem sempre uns aos outros. E a todos os outros.
P: – Que mensagem deixaria para os jovens?
R: - Nunca percam o entusiasmo e a generosidade da juventude mesmo que cheguem aos 100 anos, nem aceitem como verdade tudo aquilo que vos querem meter na cabeça. E, para variar, não deixem, nunca, de ser simples, humildes e valentes.
- Obrigado
- Obrigado, eu.

N.- Agora que já me conhecem não esqueçam de me desejar um 2017... em Paz!


26/12/2016

quinta-feira, 15 de dezembro de 2016



NATAL


Época difícil, esta. Mexe com a consciência.
Por dever de etiqueta as pessoas sentem-se obrigadas a mandar mensagens (dantes eram bilhetes postais) enfeitadas com estrelinhas, papais Noel ou pai Natal, árvores com presentes e bolinhas coloridas penduradas e outras alegorias próprias. Próprias?
Afinal o que é próprio do Natal?
Celebrar o nascimento do Menino que, feito Homem, nos veio dizer para nos amarmos uns aos outros, que cuidássemos dos desfavorecidos, dos doentes, dos idosos e que cuidássemos também da natureza para que pudéssemos viver mais felizes e a entregássemos pura aos vindouros.
E o que fazemos nós?
Alguns vão à Missa do Galo, a maioria procura juntar parte da família, quando possível, porque hoje as famílias estão dispersas pelo mundo, e porque, apesar de muitos nascerem, outros já foram, e acabamos por contar mais aqueles que nos faltam do que os novos que vão chegando.
Enchemos a barriga de peru ou bacalhau, bebemos o que de melhor temos à mão e desejamos que o próximo ano nos traga a Fada Madrinha para resolver TODOS os problemas, que muitas das vezes nós vamos adiando à espera... à espera de que?
E ainda entregamos presentes uns aos outros, os ricos dão Ferrraris e os pobres uma lembrancinha do tamanho das suas posses, quando alguma têm.
Com esta análise simplista quer parecer que fazemos exatamente o oposto daquilo que, aparentemente, deveria ser o Espírito do Natal.
Numa mensagem de anos anteriores lembrava que o Natal, é uma época dolorosa, e que custa ver a “obrigação” de saudar os amigos que afinal estão, permanentemente, mesmo longe da vista, nos nossos corações.
Tenho saudades das ceias de Natal que passámos com os filhos ainda pequenos junto com os centos de garotos sem família na Casa dos Rapazes, em Luanda e depois na Casa do Gaiato em Lourenço Marques.
O Natal ali era sentido mais verdadeiro, porque mais simples, e porque a alegria reinava estampada nas caras daquela pequenada com a humilde festa que se fazia.
É evidente que a todos, amigos e até inimigos, se tiver, não vou desejar que tenham Boas Festas, mas sim um Natal Santo, que a Paz do Menino entre cada vez mais fundo no coração de todos.
E muito presente, sem sair do coração, penso nas crianças e adultos de Aleppo, das garotas roubadas na Nigéria, das famílias cristãs e não cristãs a serem dizimadas na Síria e Iraque, nos curdos até hoje humilhados pelas potências vizinhas e que lutam pelas suas vidas, cultura e dignidade, e por todos os que sofrem a injustiça e prepotência dos homens.
Não mandarei um abraço mais forte para os amigos. Estaria a desconsiderar os outros.
Nesta época é quando penso mais naqueles que, podendo, não são amigos.
Mas que todos recebam em seus espíritos o Abraço da Paz, e sobretudo que lutem muito para que esse abraço abrace o mundo.


15/dez/2016 

sexta-feira, 9 de dezembro de 2016


De como nasci e fui crescendo...- 2-

 

No primeiro texto deixámos o Padre António Vieira e o Mestre Agostinho da Silva no seu eterno presente, mas nós vamos voltar um pouco ao que ainda lembramos: o passado.
O coitado daquele menino, com uns seis anos, continuava, e ainda continuou por bons (?) anos, a sofrer, no tempo quente, daquelas mazelas nas pernas e braços. E o tratamento era com o tal pincel. Um dia , criança em cima de uma mesa e uma empregada (a Conceição, de má memória) pincelava as feridas. O pequeno chorava porque aquilo ardia. A megera, para o calar, de repente enfia-lhe o pincel na boca! A mãe estava em casa, estranhou qualquer anomalia no “tratamento”, entra na sala, vê a enormidade da besta, enfia-lhe dois bofetões no focinho e mandou-a porta fora! A minha mãe não era de levar desaforo, nem se amedrontava com ameaças. Que saudades de uma mãe!
Ali perto de onde morámos (sob influência do Pe. António Vieira!), na Rua Artilharia Um havia um colégio das Dorotéias, para onde foi a irmã mais velha. Ao lado do antigo quartel do Regimento de Artilharia que deu nome à rua.
Com o irmão mais velho, o Luis, acompanhávamos a irmã Helena, até ao colégio e daí seguíamos para o primeiro (conhecido) local onde funcionava o Colégio de Clenardo, na Rua Castilho, esquina para a Braancamp, onde há anos derrubaram a pequena casa e construíram um centro comercial.
E aqui começa um pouco a história-geográfica deste colégio.
Não tardou aí o colégio e mudou-se para o Lumiar, ao lado dos estúdios da Tobis Portuguesa, num belo palacete dos Marqueses de... (já não lembro de “quê”!).
Em frente ao Colégio das Dorotéias aguardava uma “caminete” que nos levava para o Lumiar, e por impossível que pareça ainda lembro que eu saía de casa com uma “carcaça” com marmelada, que me preparavam para o caso de eu ter fome, talvez a meio da manhã. Só sei que assim que entrava na dita “caminete” ia sentar-me no banco traseiro e a primeira coisa que fazia era comer a carcaça!
Não sei já quem era o professor do ensino primário, mas não esqueço também que, regressando de férias (quais e quando?) cheguei ao colégio com um dia e talvez uma hora de atraso. Só tinha lugar para me sentar numa das últimas carteiras e, com os coleguinhas todos de costas, não conseguia ver quais eram os meus conhecidos ou amigos. Quando descobri um deles devo ter feito qualquer manifestação de agrado e o tal professor, uma besta, veio lá da frente deu-me uma bofetada com tamanha força que eu caí da cadeira. Eu teria uns 7 ou 8 anos. O “valente” professor mostrava sua força a criancinhas. Por isso jamais esqueci tamanha covardia.
Também pelo Lumiar o colégio não ficou muito tempo. Mudou-se definitivamente para a Rua do Salitre onde fiz a 4ª classe, em 1941/42. Aí tive muitos amigos que ficaram pela vida fora, a maioria deles já descansa.
Estávamos em meio à II Grande Guerra. A empresa onde o meu avô trabalhava, e sócio desde 1922, Estabelecimentos Herold, Ltda., era de origem alemã, e quase todos os negócios internacionais eram feitos com a Alemanha. Daí eu ser germanófilo! Como é evidente ninguém sabia nada de Hitler, judeus e outras barbaridades, mas a maioria dos colegas era anglófila. Um dia numa acirrada discussão “política” os pró-britânicos decidiram derrotar o pró-germânia, e este, que escreve, levou uma bela surra. Mas de muitos, até desses, guardei amizade por longos anos!
Só um intervalo para dizer quem foi Clenardo: nasceu em 1495 no Ducado de Brabante, entre o que é hoje a Bélgica e Holanda, e morreu em Granada em 1542. Foi um autodidata de grande formação intelectual, tentou a conversão dos muçulmanos através do diálogo sobre a sua cultura. Manteve um princípio próprio do que se pode chamar pedagogia moderna. Escreveu manuais de gramática grega e hebraica para simplificar o aprendizado dessas línguas. Um professor educador.
Voltemos ao colégio. Em 1939 a família, éramos cinco irmãos, mudou-se para a Estrela, Rua Almeida Brandão, um segundo andar com uma bela vista para o Tejo. Foi dali que assistimos, em 15 de Fevereiro de 1941, ao famigerado e de má memória ciclone que arrasou casas, milhares de árvores, deixou mais de cem mortos pelo país, e até destruiu a bela Nau Portugal que tão bonita era!

A nau Portugal depois do ciclone

Entretanto, com a mudança para a Estrela, o irmão mais velho entra para o Liceu Pedro Nunes, e eu, com duas irmãs, para o Colégio das Oblatas, na Rua dos Navegantes, onde fiz a terceira classe. Sexos separados, como era óbvio. Em dias de festa, que não lembro quais seriam, os meninos saíam todos muito arrumadinhos em formação para irem assistir à Missa e outras cerimónias no colégio das meninas, que era a uma ou duas centenas de metros. É fácil imaginar que nessa andança, “a malta” da rua vinha chamar-nos nomes simpáticos, tais como mariquinhas e outras amabilidades! E nós com uma vontade danada de sair da formação e começar ali uma guerra! Era diretora desse colégio uma famigerada Dona Georgina que ninguém gramava. Feia como só ela.
Em nossa casa, a mãe a passar por outra gravidez, que não vingou, mas a obrigava a repouso, contratou uma “mamósele”. Lembro de várias mas uma, coitada, sofreu um bocado comigo. Também o que ela fazia era sentar-se numa cadeira e olhar para nós como se a sua presença bastasse para nos manter ocupados ou distraídos. E lia o jornal. Uma das graças que lhe fazia era, “sem querer”, chutar uma bola direta ao jornal, que acabava na cara da dita senhora. Isto, vezes sem conto. Um dia ela pôs-me de castigo, à janela, com duas orelhas de burro na cabeça. Em vez de me achincalhar foi um pedaço bem divertido que vivi, porque quem passava na rua achava graça, pensavam que era brincadeira minha e ainda falavam comigo. Não durou muito esta senhora, lá em casa. Rapidinho se demitiu. A seguir veio outra, durona, a mamósele das pernas tortas, coitada da senhora, mas que se impunha e a nossa mãe pôde descansar um pouco mais. Talvez se chamasse Ludovina da Conceição... não sei o resto!
Os verões, desde que me lembre, mesmo quando morávamos no Porto, eram passados na quinta dos avós, a Quinta das Rosas, em Sintra. Casa grande lá cabíamos todos e mais os tios, casados e solteiros.
Foi aí que comecei a jogar o ténis, no court que havia lá na quinta. Um tanto curto nas cabeceiras mas servia perfeitamente.
Lembro que teria uns 10 anos, a minha querida prima Tereza Sabrosa deu-me a sua raquete de ténis! Raquete pequena, e como ela tinha mais cinco anos do que eu já não lhe servia. Joquei muitos anos com ela, perdia a maioria das partidas com os meus amigos, dos quais destaco, na adolescência, o Fernando Monteiro, e já em África sobretudo o Fernão Dornellas que me dava cada surra... Só deixei de jogar por causa de um dos joelhos que tinha sofrido rotura dos ligamentos, quando em 1953 um trator me passou por cima das pernas (!). Fácil lembrar: talvez 1970. Um torneio inter-bancários em Luanda. Fomos à final, mas o meu joelho estava tão avariado que entrei em campo com a raquete numa mão e uma bengala na outra. Disse ao parceiro: vais ter que correr muito! Ao fim de dois ou três jogos, pedi desculpa e tivemos que desistir. Creio que o Fernão nunca me perdoou... bem! Nunca mais joguei!
Mas entretanto tinham nascido mais dois irmãos: a Luiza em 40 e o João em 42.
Voltando a 1942, Outubro, entrada para o Liceu Pedro Nunes.
Já contei que apanhei uns “caldos” à entrada, tarefa em que os garotinhos do 2º ano se exibiam como veteranos, mas não gostei muito daquela recepção e devolvi logo umas quantas chapadas aos “machos”!
Isso valeu-me a simpatia dos alunos já do 5º ano, com quem passei boa parte dos intervalos das aulas a saltar ao eixo! Não era bem saltar. Eu tentava voar para alcançar as “longas” distâncias até àqueles que se “amochavam”, e por diversas vezes fui apanhado no ar para não me estatelar no chão!
Fui estudando (não muito, mas... o suficiente), e em Abril de 43 mudámos para uma casa magnífica que o nosso pai tinha encontrado, meio abandonada, na rua das Trinas, onde fez imensas obras que lhe custaram muito dinheiro, que teve que pedir emprestado.
Trabalhava muito: chefe da Repartição de Arborização e Jardinagem da Câmara de Lisboa, administrava o departamento agrícola da Casa Herold e ainda projetava e executava jardins particulares; com isso tinha algum desafogo financeiro.
Não demorou muito a nossa felicidade nessa casa.
Em Novembro desse fatídico ano de 1943, o céu caiu-nos em cima de forma demasiado violenta.
A nossa vida nunca mais foi a mesma.
Começou a diáspora dos irmãos!
Mas disto não vou falar.

8/dez/2016


quarta-feira, 7 de dezembro de 2016

 

O Livro do Tiago

O porque deste livro


Finalmente o livro ficou pronto, e começámos por fazer uma primeira apresentação em São Paulo, onde apareceram amigos do tempo em que lá vivemos, quando o Tiago tinha entre 11 e 18 anos.
Foi um encontro muito simpático, em que se repetiram histórias daquele tempo!


Um dos sobrinhos do coração que leu o livro quase no mesmo dia, escreveu-me depois a perguntar “o que realmente levou o Tio a fazer o livro”.
A minha resposta foi muito lacónica: Fica difícil explicar porque escrevi, mas no fundo foi tentar fazer um retrato de quem, com todas as suas maluquices, tinha uma personalidade muito especial.
E, evidente, deixou um vazio imenso.
Infelizmente não fui capaz de fazer melhor.
O livro tenta explicar melhor a razão de o ter escrito, mas a verdade é que, como pai, recebi deste filho grandes lições de alegria, de doação, de vontade de viver, e achei que, através do livro, poderia mandar uma mensagem não só aos muitos amigos que ele fez ao longo da vida, mas também que servisse um pouco de estímulo para os irmãos e netos.
Não é uma biografia. Não se trata de uma pessoa que tenha feitos notáveis, como um chefe de guerra ou um estadista.
Trata-se de alguém que viveu a vida sempre a querer algo mais, diferente, e a rir mesmo dos insucessos e das maluquices, e dos muitos desastres que o marcaram tanto.
É um livro simples, e infelizmente a editora fez uma edição pobre. Mas o que vale é o conteúdo.
Quem o ler vai entender porque o escrevi.


07/Dez/2016