quinta-feira, 8 de setembro de 2016

 

Impeachment, julgamento, farsa, 

etc.


Há tempo que não faço comentários à política, economia, segurança e outras áreas do Brasil... para que fazer?
O impeachment da madama dona presidenta foi um teatro de comédia. Comédia pobre, mal-educada, grosseira, podre, falsa. Mandaram a dona para casa, mas não lhe caçaram os direitos políticos o que foi uma violação à Constituição. Isso quer dizer que ela pode se candidatar novamente e voltar para onde estava, daqui a pouco mais de um ano. Brilhante, né?
Isto porque a grande maioria dos políticos – deputados, senadores e até juízes – preferem ficar em cima do muro, para o caso da senhora voltar eles continuarem a mamar na teta da res publica.
Entretanto assume o vice – o do “golpe”, que nem foi ele que deslanchou – e é obrigado a chamar para o governo indivíduos com um, dois ou dúzias de processos em tribunal. Porque? Porque precisa do cãogresso e sem o apoio dessa banditagem todos os projetos de acerto do país lhe serão negados e entraremos em super colapso. Em colapso já estamos.
Foi publicado há poucos meses um livro sobre o juiz Sérgio Moro (que muito recomendo, escrito por um professor universitário de direito, Luiz Scarpino) que tem conduzido com muita coragem e isenção o aplaudido processo “Lava Jato”, que já meteu na cadeia um monte de grandões de colarinho branco.
Até Maio ou Junho deste ano, foram expedidas largas centenas de mandados de prisão, preventiva ou temporária, de busca e apreensão e de condução coerciva, a presidentes das maiores empresas do país, e seus diretores, a diretores da Petrobrás, traficantes (doleiros), amigos do lula, lulinha e diliminha, ex ministros e toda uma canalha envolvida em desvios que se calcula atinjam a “montuêra” de largos bilhões de reais, roubados aos cofres públicos.
Infelizmente no Brasil há toda uma gangue – senadores, deputados, ministros e governadores, que usufrue de uma manobra escandalosa chamada de “foro privilegiado”, por eles criada, como é óbvio, que obriga a justiça a só poder processá-los junto ao Supremo Tribunal Federal, hoje entupido de processos, o que protela até, por vezes, à prescrição!
O presidente do Senado tem um monte de processos em juízo – corrupção, abuso de poder, lavagem de dinheiro e outras mil brincadeiras – e continua sendo uma das figuras mais importantes e influentes no quadro político do país, assim como uma imensidão de outros senadores e deputados.
Se hoje fosse possível meter essa turma toda na cadeia, o que significa algo em torno de quatrocentos indivíduos (!!!!!) vários problemas, graves, surgiriam:
- primeiro não há cadeias que cheguem!
- depois, tal como já refere o Dr. Luiz Scarpino no livro citado, e aconteceu na operação “Mane Pulite” na Itália contra a máfia, de repente o Brasil ficaria acéfalo, sem líderes (mesmo que se saiba que os de hoje são “piores que o Deus me livre”) o que permitiria o aparecimento de outra casta de malandros espertos (malandro e esperto é pleonasmo), como aconteceu na Itália com Berlusconi!
Como resultado estes processos contra a corja que se apropriou do país, têm que ir “piano, piano”, apesar de todos esperarmos que não leve tempo demais até que possam os bandidos se livrarem do cutelo da justiça.
Já tem muitos na cadeia, alguns com penas de 10, 15 e mais de 20 anos, e inclusive com multas que vão a vários milhões de cada um. Mas ainda é só o começo.
O que está agora na moda, e essa moda veio também da Itália, são as delações premiadas que, de acordo com a lei, prevê que pode beneficiar o acusado com:
- diminuição da pena de 1/3 a 2/3;
- cumprimento da pena em regime semiaberto;
- extinção da pena;
- perdão judicial;
E o povo fica estarrecido ao saber que um doleiro, implicado pela segunda vez em lavagem de dinheiro, e muitíssissimo dinheiro traficado entre a gangue do governo, depois de, na primeira vez há uns dez anos, ter jurado pela saúde da mamãe e dos filhinhos que ia portar-se direitinho, volta a ser apanhado neste processo “Lava Jato”, é condenado a 124 anos de cadeia, entra com a delação premiada e... passa 3 anos na cadeia (cadeia com quarto privativo, sala de almoço, tv, e o máximo de mordomias possível) e quando sair volta a ser um “grande senhor”, dono de milhões em paraísos fiscais, e, certamente vai continuar com o seu trabalhinho de comprar políticos e mandar dinheiro para fora!
É evidente que todos queremos acreditar na justiça, e que o povo torce por juízes como o Sérgio Moro ou Joaquim Barbosa, os aplaude e até gostaria de vê-los a comandar os destinos do Brasil.
Mas também sabemos que estes processos não só não acabam nunca e que mesmo uma pequena melhoria, leva anos a acontecer.
Se não se educar desde os primeiros momentos da vida de um indivíduo que a ÉTICA e a educação são o alicerce básico para se construir uma nação respeitável, prendem-se agora um monte de facínoras bilionários, mas no vácuo deixado outros tantos aparecerão.
A educação começa em casa e nos primeiros bancos da escola.
Em casa, onde o povo está habituado ao jeitinho, a ver milhões receberem propinas, na Petrobrás, institutos de Seguros de aposentadorias, nos hospitais, no Detran (para obter carta de condução mesmo sem fazer exame), em TODAS as obras públicas, federais, estaduais ou municipais, na polícia que é muitas vezes obrigada (ou voluntária) a negociar com os narcotraficantes, agora na organização das Olimpíadas com obras sobre faturadas e onde até o presidente do CO da Irlanda vendia, aqui no Brasil, ingressos igualmente superfaturados, será em casa que os pais poderão ensinar os filhos a comportarem-se? Será que a maioria sabe o que é ética, ou quer que país deixe de ter o “jeitinho”?
Será que vão aprender nas escolas primárias e infantis onde a grande maioria vive um descalabro impressionante?
Só o tempo dirá.
A argumentação mais gasta é que aqui tudo é reminiscência do tempo colonial, dos portugueses! Ontem comemoraram-se 196 anos do “grito” do D. Pedro, quando o Brasil se livrou de Portugal.
Continua-se a roubar e a culpa é do Cabral!


08/09/2016

2 comentários:

  1. Como de costume bem escrito e, infelizmente, retratando com fidelidade a realidade. Concordo inteiramente contigo em que uma mudança de mentalidades parte da educação na família e na escola, igualmente são verdadeiras as tuas dúvidas sobre se isso será possível com os exemplos que recebem. O problema agrava-se quando vemos que a realidade não é só brasileira mas mundial e, não é só de agora. O que fazer? Não sei!!!
    Abraços muito apertados do
    Manel

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  2. A CULPA É DO CABRAL, POIS CLARO! E POR QUÊ? APORTADO EM 1500, NÃO CHEGOU A 2000 RÉIS!

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