sexta-feira, 30 de setembro de 2011


O BURRO



Burro! Grande burro! Muito burro! Asno! Ganda burro (à moda de Portugal)!
O grande burro, o Equus asinus, é, de fato um animal extraordinário!
Dócil, incansável, frugal, teimoso “que nem um burro”, o que mostra a sua personalidade, o melhor de todos os equinos para montar e fazer longas jornadas.
Houve um tempo, no velho Portugal, que cavalgar burros era reservado aos reis, alguns nobres e a abades e abadessas! O restante só podia cavalgar mulas. Os cavalos, simbolo de poder, eram, além de muito custosos, reservados para guerras, e extremamente incomodos para viajar. Também se sabe que Maria, quando da matança de crianças por Herodes, fugiu para o Egito em cima de um burro. E foi ainda um burro que carregou Jesus, na sua entrada em Jerusalém, onde foi condenado, torturado e crucificado.
Os burros são mesmo uns “burros de carga”! Carregam pesos enormes, e lá seguem, seu ar humilde, submisso, passo vagaroso, cadenciado, andando por veredas e encostas, com frio ou calor, sem parecerem jamais cansados, sem reclamarem, ajudando os homens nas suas tarefas mais difíceis.
E há quem se atreva a chamar burro a um homem como de um insulto se tratasse!
Todos nós, na vida, e quanto mais longa pior, fizemos disparates, dissemos barbaridades, e houve quem teve a misericórdia de nos chamar de burros, ou nos dizerem que fizemos burrice!
Que honra, que elogio, que cumprimento amável, poder ser comparado a um burro!
Lembro de, por mais de uma vez, quando eu tinha aí uns dez ans, uma mestra me colocar na cabeça umas orelhas de burro e me mandar para a janela, na intenção de me enxovalhar perante os que passavam na rua. Não me lembro já se alguém olhou para mim, mas lembro que aquilo era motivo de grande risada entre mim e meus irmãos! E a professora, pobre de espírito, acabava sempre perdendo o confronto!
Hoje creio que já ninguém me chamaria de burro, talvez levando em consideração as minhas barbas e cabelos brancos!
É pena. Porque me sentiria honrado com tal comparação!
Por isso, que ninguém se atreva a chamar burros aos políticos! Seria elogiá-los!
Chamem-lhes ladrões, mal intencionados, estelionatários, sem vergonha, cafagestes, não insultem a mãe deles por muita vontade (e hábito) que se tenha, porque a senhora nada tem a ver com o descaminho dos filhos, mas jamais lhes chamem de burros.
Burros somos nós, bestas de carga, que temos que aguentar toda a sorte de incompetências e ladroagem dessa gente, e continuarmos humildes, a levar nas costas as nossas cargas, a procurar cumprir com os nossos deveres, a sermos espoliados, a perdermos a esperança no futuro, sobretudo o dos nossos filhos e netos, e ainda sorrir com a família para lhes manter um pouco de ânimo e alegria.
Tal como o maravilhoso burro, o jumento, o jegue, o asno!
O problema é quando os burros começam a escoicear.

25/09/2011

segunda-feira, 26 de setembro de 2011


ORÇAMENTOS de MENTIRINHA,

aliás, de mentirosos
 
Já por diversas vezes, e desde há muitos  anos, faço a mesma pergunta, que tem ficado sempre sem resposta.
Era difícil não haver resposta para uma questão tão elementar que qualquer dona de casa sabe desde o primeiro dia que assume o controle das suas finanças.
O que é um orçamento? Normalmente seria uma previsão de entradas de dinheiro, e de saídas, fazendo o possível para sobrar sempre um pouco a usar no caso de alguma emergência.
Mas isso é o que fazem os estúpidos e ignorantes como eu e, cheias de sabedoria, as donas de casa! Os sábios, os políticos, os grandes economistas em (des)serviço ao Estado, ou à Nação, isto é, ao povo, fazem de outro modo! De ano para ano vão prevendo sempre gastar mais do que arrecadam, desprezando o crescimento da dívida pública, o que na minha cabeça ingênua, não consegue entrar.
Pedem dinheiro nos mercados internos e externos, enchem os postos chaves de comparsas, que, mancomunados disfarçam o caminho para o desastre, e os bancos procuram dar crédito até ao pedinte de rua; vai-se distraindo o povo com outros assuntos – futebol, religião, shows de gritaria, visitas de personalidades estrangeiras, etc. – e, num instante a divida é de tal forma, que estoura, e é impossível pagar.
Está nisto quase toda a Europa – vivas para a Alemanha que continua com bastante solidez (continua?)– que agora parece ter acordado duma letargia confortável: dever bilhões sem qualquer possibilidade e/ou intenção de pagar.
“Impossível negar que está profundamente abalado o edifício de toda a economia moderna...
A muliplicação assombrosa de protestos e reformas de letras, iliquidabilidade de créditos, arrastamento de dividas e pagamentos, liquidações ruinosas de produtos, de papéis e de negócios, paralisação total ou parcial de explorações agrícolas, industriais e comerciais, milhões de homens sem trabalho, nervosismo das praças e dos depositantes, levantamentos ou retiradas inexplicáveis de capitais, entesouramentos particulares de dinheiro, condenáveis por anti-economicos, derrocadas, falências e concordatas, agitações políticas e sociais - eis o espectaculo anormal que o mundo vem oferecendo: crise e especulação de crise; no fundo, tudo crise, economica e moral”.
Palavras de Salazar, 1930.
“Portugal (e hoje toda a Europa) vai ver-se obrigado a dobrar-se sobre si próprio, em população (já impossível), em capitais, em produção e consumo; e é talvez este um momento histórico interessante que será pena, por falta de coragem ou visão, deixar perder”.
Ainda Salazar em 1931.
E mais, em Agosto de 2003 escrevi o texto:

“O Orçamento do Pinóquio”

“Lá vai nariz...
O governo anunciou o seu orçamento para 2004, alardeando, voz alta e firme, que este, finalmente “é um orçamento real e não fictício como os dos governos anteriores”!
Sempre remetendo as suas amarguras e incapacidades em comparação com os tais governos anteriores! Ponho-me a imaginar o que teria dito o governo de Adão e Eva sobre o seu “orçamento” - se o tivesse feito -, uma vez que não podia ancorar-se, para bater, em anteriores!
O mais curioso é que a realidade deste orçamento é exatamente igual à realidade dos anteriores, porque serão as contingências do “planeta global” que vão permitir, ou não, que o país se isole e cumpra, ou não, o preposto”.
E a capacidade e seriedade dos governantes.
Com toda esta conversa “p’ra boi dormir”, o Brasil passou de uma Dívida Interna de 892 milhões em 2003 para 1,73 trilhões em 2010, estando em cerca de 67% do PIB.
A continuar assim, não tarda que o aperto chegue também ao El Dourado, que, de fato é, o Brasil.
A Europa quer agora impor a todos os seus membros uma lei de responsabilidade fiscal, i.é, não se pode gastar mais do que se arrecada. No Brasil essa lei existe... no papel. Ninguém, rigorosamente ninguém, a cumpre.
E assim vai o mundo.
Os únicos que não precisam de orçamento são os fabricantes de armas: americanos, russos, chineses, brasileiros, etc. Se o mercado falhar vão provocar uma guerra em qualquer lugar do mundo. Não falta quem venda para o Sudão, Congo, Síria, etc.
O que falta mesmo, é que o tal homo sapiens evolua. Mil anos? Estávamos na Idade Média, matando-se uns aos outros. Dois mil? Olha o que fizeram com o Homem que era só amor. Dez mil, quando Caim matou Abel? Um milhão de anos? Talvez mais!
Creio que não vou esperar para ver.

25/09/2011






quinta-feira, 22 de setembro de 2011


FALÊNCIAS ...

Há perto de cinquenta anos, um amigo meu vivia em Angola onde estava há mais de dez, adorando viver naquela terra, trabalhando muito, situação profissional consolidada, família a crescer, enfim estava bem e feliz.
Um dia recebe de outro amigo, de Portugal, pelo telefone, uma proposta estranha: convidava-o para assumir a administração de uma fábrica têxtil, no norte de Portugal, de que a família tinha a maioria do capital, estava mal gerida por um velho coronel teimoso e sem visão, endividada, mas teria ainda potencial desde que bem conduzida.
O “luandense”, que jamais esperava tal proposta, ficou de pensar e responder uns dias mais tarde. Nada o atraía já em Portugal, habituado como estava à dimensão e ao permanente desafio duma terra que começava a desenvolver-se, e que tinha (e tem!) grande futuro pela frente.
Ao mesmo tempo surgia um novo desafio profissional, atraente, de reerguer uma fábrica que tinha umas centenas de empregados, e sobretudo uma oportunidade de realizar um sonho social.
Quando volta a falar com o amigo disse-lhe que aceitava a oferta, mas punha duas condições: primeira, é que os acionistas tinham que dar, pelo menos, vinte por cento do capital aos empregados, que se constituiriam em cooperativa ou qualquer outra solução que os advogados definissem. Com isto os empregados nomeariam um delegado para discutir as propostas da administração, o que, sem dúvida, facilitaria a condução da empresa.
A segunda, é que precisava ter, todos os anos, um mês de férias... em Angola!
De salário e outra condições nem se falou!
Os “velhos do Restelo” não aceitaram a primeira condição, e este meu amigo continuou, feliz, em África.
Poucos anos mais tarde ao visitar algumas empresas, na Alemanha, mostraram-lhe uma fábrica de componentes elétricos, cujo dono, único, chegado à idade de se aposentar, reuniu todos os trabalhadores numa “festa de despedida”, e mais a presença dos seus advogados.
O discurso foi simples: tinha também direito a descansar na velhice, portanto ia retirar-se, a empresa ficava a pagar-lhe a aposentadoria, e os advogados estavam ali para transferir os 100% da empresa a todos os empregados!
Passados alguns anos a empresa não parava de crescer!
Ontem, dia 20, houve festa numa empresa inglesa que tem SÓ 75.000 trabalhadores. Enquanto firmas super tradicionais e aparentemente super fortes, como a Woolworth em Inglaterra, faliram, fecharam e mandaram 100.000 trabalhadores para casa, a John Lewis fez ontem a festa ao abrir mais uma grande filial. Ambas foram fundadas na segunda metade do século XIX. Porque uma faliu e a outra progride de tal forma que ao fechar o ano de 2010 distribui 18%, os seus lucros, por todo o pessoal?
Basicamente porque a Woolworth era uma empresa mal administrada, endividada, e a John Lewis tem 100% do seu capital entregue aos seus funcionários! Estes enquanto trabalharem na empresa são co-proprietários, mas se quiserem sair não têm quaisquer direitos. E alguém vai querer sair dum local de trabalho que é SEU?
Isto não envolve qualquer pensamento comunista. Deus me livre, porque comunista verdadeiro houve só um, e foi crucificado. Os restantes, pseudo socialistas soviéticos da “democracia”, marxistas, bolcheviques, maoístas, etc., não passam de gângsteres!
Começam como todos os ditadores e acabam uns crápulas. Haverá quem negue o que o Hitler fez imensamente pela Alemanha no princípio do seu governo? E Fidel, Mao, a própria ditadura militar no Brasil, etc.? Mas logo que se sentiram com o poder na mão...
No tão falado, e mal fadado, comunismo, a situação era a de capitalismo de estado e não dos trabalhadores. E como sempre, houve “alguns porcos mais porcos do que outros”!
Na relação capital-trabalho, e longe de analisar Marx, um poeta vivendo à custa de outrem, bem instalado, em Inglaterra, verifica-se a mesma coisa. De entrada são tudo facilidades, mas quando chegam os lucros, sobretudo os grandes, os pequenos “que se danem”. E no aperto, as coisas então pioram. Sai-se “de fininho”, fecha-se a empresa e deixam-se os trabalhadores pendurados em si mesmos!
Há solução? Não para todos os casos, mas certamente para muitos: entrega das chaves aos trabalhadores, porque de qualquer modo o investimento está perdido, reserva, ou não, o patrimônio para responder por dívidas, e... aguarda para ver o que passa.
Talvez o capitalista fique espantado ao ver que, em muitos e muito possíveis casos a empresa (que jamais volta a ser dele!) se levante, para proveito dos trabalhadores e da economia em geral.
A lei podia ser clara neste aspecto: abandonou... perdeu! Por lei.
Estamos a assistir, Europa fora, a uma imensa e imparável falência de empresas em todos os setores da economia. Mas não se vê, em parte alguma, que os dirigentes tomem atitudes viris, assumam as suas responsabilidades e façam.
Como Salazar dizia: “nós fazemos as leis e o povo tem que obedecer”!

22/09/2011

segunda-feira, 19 de setembro de 2011

 
LIVRE  PARA  MORRER

 
1.- Plagiando um texto de Paul Krugman, colunista do “New York Times”

Nos anos 80, quando os EUA fizeram sua virada à direita, Milton Friedman, na série TV que ficou famosa: “Livre para escolher”, este economista identificava a economia do laissez faire com a escolha pessoal e poder de ação, visão otimista amplificada por Ronald Reagan.
Mas isso foi há trinta anos.
Há dias, num debate televisivo entre os candidatos republicanos, o moderador, Wolf Blitzer da CNN, perguntou ao pré-candidato e deputado Ron Paul, o que ele faria se um homem, sem plano de saúde, de repente necessitasse de tratamento intensivo. Ron Paul respondeu: “É disso que se trata, a liberdade; enfrentar seus próprios riscos.”
Blitzer perguntou: “A sociedade deveria apenas deixá-lo morrer?” E o auditório começou a gritar: “YES”.
Com o auditório aos gritos, Ron Paul quis amenizar o problema dizendo que sempre haveria indivíduos e médicos generosos que garantiriam a assistência adequada! Isto significa, para os republicanos conservadores, que os que não podem ter seguro-saúde morram por falta de tratamento? A história recente, atual, mostra-nos que a resposta é “SIM!”
No dia seguinte ao debate foram divulgados os últimos números sobre renda, pobreza e seguro-saúde: a economia fraca continua a fazer estragos na vida dos americanos. Só um ponto melhorou: a assistência a crianças sem seguro tinha melhorado, graças a um programa já do Obama, “Children’s Health Insurance”. Não havia melhorado mais porque antes, o tal Bush, bloqueara a tentativa de abranger mais crianças, com o aplauso da direita!
No passado os conservadores aceitavam que o governo providenciasse uma rede social de segurança, por motivos humanitários, conforme Friedrich Hayek, que declarou em “The Road to Serfdom” (“O caminho da servidão”) seu apoio a um “abrangente sistema de seguro social para proteger os cidadãos dos perigos da vida.” Citou especialmente a saúde.
Os planos de saúde propostos por Obama baseiam-se assim em anteriores iniciativas dos republicanos, que agora acham que a assistência aos menos favorecidos já não é prioridade, pior ainda, que lhes pode sair do bolso.
A liberdade, tão apregoada pelos extremistas republicanos, que ainda há pouco usavam a lei de Lynch e a KKK para liquidar as minorias mais fracas, de quem afinal tinham medo, hoje se pode traduzir, conforme o jornalista Paul Krugman, por “Livre para Morrer”!

2.- Mais um comentário de outro texto do senador Francisco Dornelles

Uma das grandes lutas do “sapo barbudo” o tal lula, no tempo em que ele era o porta voz chefe dos contras, era a derrubada da CPMF, que, segundo ele, considerava um abuso sobre o bolso do contribuinte, uma “contribuição provisória”, mas que só terminou quase no fim do seu (des)governo de oito anos.
O mesmo (des)governo atual quer ressuscitar mais uma vez o assalto ao bolso do povo, povo este que paga impostos como nos países nórdicos e tem estrutura social como na Serra Leoa ou Mali!
Mas, escreveu o senador: No interior de Minas Gerais, nos últimos 40 anos existia um curandeiro nas mãos de quem ninguém morria de tuberculose.
Médicos de Belo Horizonte deslocaram-se ao interior do Estado perguntando ao curandeiro que medida ele adotava para ninguém morrer de tuberculose. “Quando vejo que alguém vai morrer, eu mudo o nome da doença.”
Genial. Essa mesma genialidade quer o atual (des)governo utilizar para voltar com mais um imposto, exatamente igual ao anterior só que... mudando-lhe o nome!
Lembra aquela velha piada dum homem que se chamava João Mer#*$da. Chegado a adulto requereu ao tribunal mudança de nome, ao que o juiz prontamente atendeu, perguntando-lhe como queria chamar-se? António Mer#*$da!

Moral das duas histórias: o povo, os que votam, e sobretudo os que pagam, além de estarem numa mer*#*da, estão livres para morrer!
Assim evolui a humanidade. Humanidade ???

18/09/2011

segunda-feira, 12 de setembro de 2011


SOBREVIVER
ou
VIVER  SOBRE...

 
Um dos assuntos mais falados, nos dias de hoje, é a sobrevivência. A luta tremenda por sobreviver, num mundo estraçalhado pela fome, miséria, desemprego, guerras e outras atrocidades semelhantes.
Os alemães, através de cruzamentos, criaram uma nova raça de cães, lindos, inteligentes, amáveis, o Leonberger, que quase desapareceram durante a 2ª Guerra. Animais grandes, comiam muito, e a escassez de alimentos, a devastação e a fome, fez com que a quase totalidade desses animais fosse abandonada. Não conseguiram salvar-se mais que dois ou três exemplares. Quando o país estabilizou houve quem se interessasse por esses magníficos animais, e a raça sobreviveu e continua a ser muito apreciada. Grandes companheiros.
É um animal muito inteligente. Mas não tem Ego, porque não recebeu o Espírito! Não tem consciência do Bem e do Mal. Que bom para eles.
Enquanto os homens... assistem a uma cada vez maior e mais feroz concentração de renda, através de manobras, na sua origem criadas para desenvolver o comércio e a indústria, e hoje usada para pura especulação e enriquecimento.
A verdade é que para uns enriquecerem de algum lado o dinheiro tem que surgir! Quem paga, então? O Zé, o povo, como sempre, desde que há homens mais ou menos sapiens sobre o planeta.
Na idade média pagavam com galinhas, trigo, carne, etc., aos senhores. Quando chegou a era industrial pagou com o sacrifício da sua saúde, para trabalhar 15, 18 horas por dia, para encher os bolsos dos rothschilds da vida.
Hoje paga pela voraz vergonha das Bolsas de Valores, onde o dinheiro, que não existe, virtual, circula, mas não sai para os setores produtivos, para a criação de emprego, para o combate à pobreza.
Desde que surgiu a crise de 2008 (a crise ???) que parecia ter arruinado os bancos, nunca estes ganharam tanto dinheiro. Como era de esperar o segundo capítulo dessa crise está já aí, as impressoras rodam sem parar a imprimir dinheiro, falso, falsissimo, os warren buffets continuam a enriquecer doidamente, e os países a afundarem, sem que não se veja a aplicação de qualquer sanção ou programa que, EFETIVAMENTE, promova a tão anunciada “retomada do crescimento”!
Os países endividados, aumentam os impostos, sacrificam os mais débeis, os aposentados, os doentes e assistem (ou compactuam?) com o enriquecimento. Por este caminhar serão os países que vão falir: impostos no absurdo, poder de compra reduzido, industrias a fechar, abrindo espaço para os “emergentes” se fartarem com a carniça que sobejar! Empobrecimento iminente à vista! E depois?
Na Europa, os países que estão à beira de “choque anafilático”, vão ter que sair do Euro, voltar às moedas antigas, dracmas, pesetas, escudos, etc., desvalorizar essas moedas, declarar uma moratória de dez anos, nada de juros para o BCE, FMI e outros ladrões da vida, o que terá como efeito imediato um tipo de transplante do coração, mas permitirá, ainda na convalescença, que cada um cuide de si.
Os pobrezinhos mandam fábricas a troco duma esmola com juros (como a fábrica de açúcar de beterraba em Portugal, para, amáveis, os donos da CEE: Alemanha, Holanda, etc venderem o deles) ou propõem aos agricultores que deixem os terrenos ficarem incultos, porque a CEE dará mais outra esmola, com juros, e, libertos deste esmolar, cada país vai ter que apertar o cinto e comer do seu suor!
Lançar impostos sobre os ricos não resolve, a não ser, e dentro de muito estreitos limites, mostrar alguma dignidade, e recolher uma merreca de dinheiro.
Mas por que não lançar um imposto sobre as operações de Bolsa? A vergonha do nosso tempo? Não sobre o lucro que eventualmente se obtenha, mas sobre as operações financeiras, sejam elas à vista ou a prazo? Já existe? Então aumente-se mais uns tantos por cento.
Quantos bilhões daria por semana? No Brasil, só 1,5% deve dar uns 50 milhões POR DIA! Imagine-se o que seria se juntar as Bolsas de Nova York, Londres, Paris e mais outras, mesmo que só da Europa e das Américas! Num instante não haveria mais déficites públicos (se ninguém roubasse, claro!) nem crise, nem desemprego, porque o capital teria que ser aplicado na produção.
Toda a gente teme que o capital, por “não ter fronteiras” possa sair do país que lançar impostos sobre a riqueza. Pois bem, que vá, que especule onde quiser, que arruine outros países. Sempre há-de sobrar muito para investir.
Estar a fazer pagar os erros de décadas de desvarios, pelos que estão a entrar no nível da pobreza é uma tremenda duma covardia.
E muitos, muitos, daqueles que hoje lutam desesperadamente para sobreviver, talvez consigam então sair debaixo daqueles que, à sua custa, e SOBRE eles VIVEM.

12/09/2011

quinta-feira, 8 de setembro de 2011


A GANÂNCIA E O “SOPHOS”

 
Diz a Bíblia que Deus, no fim de fazer uma porção de coisas, aliás tudo quanto existe, fez o homem, e depois descansou.
Por muito respeito que tenha por Deus, por Deus... não é difícil imaginar o quanto Ele devia estar estafado para ter feito coisa assim ruim, mal acabada, sabendo, com a Sua onisciência, que esse novo, último, bichinho, ia pôr tudo a perder. E pior, descrente até de quem o criou.
Mas Deus, sabia o que estava a fazer. Esta última criatura estava fadada a escolher a sua vida, o seu ambiente e, sobretudo, o seu futuro! Fez o homem de matéria e espírito, embalagem reciclável e conteúdo etéreo, carne e alma, Deus e Demônio, o ego. O EGO !
E porquê? Uma vez que lhe deu essa embalagem reciclável – “tu és pó e ao pó voltarás” – de duração pouco mais do que instantânea, e assim algo sem futuro, soprou-lhe o tal Sophos, o espírito, a alma, a consciência, para lhe dar a escolher entre esta vida que são uns escassos átimos no Cosmos, e o seu verdadeiro Futuro.
Mas deixou-lhe o Ego (a embalagem, o Diabo) à ilharga, e esse não descansa nem no sétimo dia! Nunca. Porque ganhar o Espírito Eterno sem combater, só é próprio dos irracionais ou dos vegetais. Estes vivem de forma pacífica, não são invejosos nem vaidosos, e tudo quanto fazem é unicamente pela preservação da espécie.
Desde há muito que os homens pensam que com orações, peregrinações, doações, sacrifícios físicos, promessas e outras atitudes semelhantes podem livrar-se do seu Ego e assim substituí-lo pela verdadeira Vida, a do Espírito. Quanto engano. Como os homens se enganam a si próprios tão facilmente! Aliás, fingem que enganam!
É evidente que orar é bom, importante, mas muito mais eficaz serão os momentos de silêncio e meditação, do conhecimento do seu interior, da “discussão” da escolha, da procura do “conhece-te a ti mesmo”, da luta pela escolha do caminho que, logo, logo, o pode levar a uma vida melhor!
Que “silêncio” “vemos” hoje? O som das bombas, o estampido das balas, os pregões de bolsas de valores falsos, os berros para comprar ou vender o que não se tem, os sons das boates cheias de gente inútil, os discursos acintosos de total mentira a ecoar por todas as assembléias do mundo, um enriquecimento cada vez mais ostensivo, e do outro lado o verdadeiro silêncio de milhares, milhões, centenas de milhões, que não têm mais força para pedir um pouco de comida ou um golo de água, a tristeza de milhares de trabalhadores que todos os dias perdem os seus empregos não só em África, mas na Europa orgulhosamente falida ou nos EUA orgulhosamente fortes pelo seu incomensurável armamento, mas também doente.
Assistimos à Grécia a não dar um passo para sair da desgraça que está a acabar com o país, aos ditadores a matarem milhares do seu próprio povo, como fizeram Stalin ou Mao, para segurarem o seu asqueroso ego e as suas fortunas incalculáveis.
E ao negócio de armas, drogas e medicamentos a extorquirem o quanto podem à custa de tantas vidas!
Todos os dias as notícias que ganham as manchetes dos jornais ou os destaques das televisões, nos mostram o contínuo roubo, a guerra, o descalabro, o desequilíbrio, mostrando que se vendem cada dia mais e mais objetos de luxo, como iates de mais de centena de milhões, relógios de ouro com diamantes. A especulação está completamente louca.
Ali mesmo, ao lado desta vida escabrosa... a miséria.
Vai durar ainda quanto tempo isto? Não pode durar muito, no entanto o suficiente para matar mais uma quantidade inconcebível de excluídos.
Quem pára para um profundo exame de consciência? Quem luta, sem tiros, para levar um pouco de conforto, seja ele qual for, aos excluídos do mundo? Meia dúzia! Heróis que partem para a sua batalha sabendo-a perdida, e assim mesmo não desistem!
Meia dúzia perdidos no meio dos sete bilhões de habitantes deste planeta que também agoniza!
Resta-nos a vida do Espírito.
E quem não cuidar dela agora, e sempre, impossível que não venha a pagar. Será tarde.

07/09/2011